...É PRECISO TER ASAS,PARA SE AMAR O ABISMO...

terça-feira, 29 de julho de 2008

LIMPEZA ÉTNICA - por Mário Crespo...sem comentários...

O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres
vestidas de negro que ululavam lamentos. 'Perdi tudo!' 'O que é que perdeu?' perguntou-lhe um repórter.
'Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem...' Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos auto desalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga 'quatro ou cinco euros de renda mensal' pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que 'até a TV e a playstation das crianças' lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam 'quatro ou cinco Euros de renda' à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a 'quatro ou cinco euros mensais' lhes sejam dados em zonas 'onde não haja pretos'. Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - 'ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos.' A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e auto denominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.

4 Comentários:

Blogger Carla disse...

disseste o que penso...assino por baixo e não retiro nem uma vírgula ao teu racicínio
beijos

29 de julho de 2008 às 12:31  
Blogger Zé do Cão disse...

Que há que acrescentar a isto.
Já disse várias vezes, que ás vezes sinto vergonha de mim mesmo.
Será que os gajos que (des)governam isto, não vêm como nós? Ou somos nós que estamos errados? Marcha da Paz?
Por acaso estamos em Mafra? Por acaso estamos em Guerra? Ou essa marcha, foi a marcha dos bandoleiros devidamente apoiada por quem manda?Nós não somos iguais a ninguém, nós temos uma lei, a ciganagem tem outra, as pretalhada tem outra.E ainda falta fazer amarcha dos muçulmanos e outras.
A Marchar daqui para fór, queria eles.
E já agora Srs. Ministros
O dinheiro da Segurança Social é nosso, de quem trabalha e de quem trabalhou. Nós donos dessa massa não lhes demos autorizar para a distribuírem abusivamente sem nossa autorização por quem não descontou,
por calões e gatunos.
A vossa única função aqui é somente administrar o nosso dinheiro e nada mais.E se querem ser respeitados respeitem-nos também.

29 de julho de 2008 às 16:06  
Blogger telegram disse...

É revoltante verificar que é este o país que temos.

30 de julho de 2008 às 08:26  
Blogger Jonas disse...

Parece mentira, mas é rigorosamente assim e por este tipo de gente que a catrefada governante destribui os dinheiro da segurança social, sujeitando os reformados do futuro a mais humilhações...
Este país está um nojo. E assim ficará enquanto se mantiver esta quadrilh no poder.
Que com exemplos como este, alguém aprenda alguma coisa, pelo menos.

31 de julho de 2008 às 03:19  

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