É MAIS FÁCIL ENGOLIR REGRAS DO QUE ENFRENTAR-MO-NOS A NÓS MESMOS!
Outro dia, estava questionando o que – no mais profundo de nosso íntimo – faz as pessoas sentirem tanta dor ao serem traídas ou tanta culpa (ainda que inconscientemente) ao ficar com outra pessoa...E para começar a minha reflexão, pareceu-me óbvio a serviço de que estão dor e culpa. Quando nos sentimos traídos ou traidores, todas as nossas convicções ficam estremecidas e vemo-nos diante de nós mesmos, tendo de encarar as nossas escolhas, questionar os nossos sentimentos e rever os nossos valores.Este intenso e importante exercício é o que nos remete à dor e à culpa, porque nos damos conta do quanto ainda temos a descobrir sobre nós mesmos; o quanto ainda somos tomados por sentimentos pequenos, mesquinhos e limitantes, como posse, orgulho, tentativa de controlar o outro e a vida, inveja, insegurança, falta de auto-estima, de compreensão, etc... Entretanto, é tão mais fácil justificar o que sentimos a partir da atitude do outro – seja a que nos colocou na posição de traídos; seja a que nos parece ter-nos motivado a trair, pois tudo o que queremos é que a responsabilidade não recaia diretamente sobre nós e os nossos próprios desejos e atitudes...Mas justificar o que somos – ou o que não somos – a partir do outro é o que temos feito sempre! Chega! Está na hora de começarmos a assumir que somos e fazemos e sentimos aquilo – e somente aquilo – que a nossa maturidade nos permite! São características como inteligência emocional, auto conhecimento e disponibilidade para aprender, que fazem com que sejamos ou não maduros o suficiente para tomar as rédeas das nossas vidas e fazer escolhas mais coerentes e conscientes, facilitando a superação da dor e da culpa e, especialmente, a reincidência da felicidade. Vivenciar situações complexas como traição, inevitavelmente coloca-nos diante de tudo o que temos sido e do quanto temos investido naquilo em que desejamos tornar-nos. Sobretudo, porque resvala em questões como a legitimidade da busca do prazer e do bem-estar. Por isso, exige da nossa parte – para serem compreendidas e discutidas tais vivências de modo produtivo – mais do que sob um enfoque moral. O seu peso e importância (para aceitação ou negação) recaem sobre a visão de cada um e de cada casal, a cada instante da relação.Temos preferido a cômoda prática da acusação, mergulhando no lugar sempre – e sempre! – de vítimas, deixando de lado a preciosa oportunidade contida nisso tudo, perdendo-se a riqueza do tema em discussões estéreis, não criativas, não preenchedoras. Confesso que isso tudo me desafia, mas creio que somente enfrentando-nos – cada um a si mesmo – é que poderemos caminhar em direção ao amadurecimento emocional que uma relação amorosa adulta requer, pouco importando qual a escala de valores que cada um adopta!Então, se está sofrendo por se sentir traído, ou culpando-se por se sentir traidor, tente sair dos conceitos limitantes e encare-se de frente! Assuma-se! Reconheça quem você é, ainda que, em princípio, não goste do que vê. É somente quando sabe quem é que pode tornar-se quem deseja ser. Isto é evolução.Negar-se ou permanecer no desconhecido de si mesmo pode até fazer parecer menos culpado e mais vítima. No entanto, faz-lo – de fato! – menos autêntico, menos intenso e bem menos amante do que realmente poderia ser.Refém de conceitos limitantes e regras que só servem para rotular corações, perde a chance de encarar a vida e realmente aprender a amar! |
2 Comentários:
Excelente momento de reflexão.
Uma análise sociológica e psicológica sobre o medo e o preconceito e o engano ou o logro em que por vezes nos deixamos cair e depois tememmos descolar: um quadro onde todos cabemos, um espelho onde todos nos vemos...
Parabéns sinceros
De desafios em desafios, a vida se mostra a cada um. É preciso detrminação e coragem para ser em pleno. Passando pra te desejar um bom dia. Beijos e parabéns pelo post.
Bjs
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