...É PRECISO TER ASAS,PARA SE AMAR O ABISMO...

domingo, 28 de outubro de 2007

FAVAS PARA O AMOR!!!EU QUERO É SER FELIZ...








Pois é... a sensação que tenho tido, nos últimos tempos, é de que esta busca pelo grande amor, pelo par ideal, pelo príncipe encantado, pela felicidade infinita – que deveria ter-se configurado como um caminho edificante e enobrecedor – tem servido bem mais para transformar a vida de um grande número de pessoas numa insanidade absurda.

Basta repararmos um pouco mais atentamente na enorme confusão que têm sido tantas relações (com suas intermináveis tentativas de nomenclaturas) e terminaremos por concluir que nisso tudo há algo que precisa ser urgentemente revisto, reavaliado e reconduzido.Se estudarmos um pouco mais profundamente a história da humanidade, não demoraremos a descobrir que o comportamento entre homens e mulheres, incluindo o desejo sexual e suas mais diversas manifestações, passou por algumas transformações significativas antes de chegar ao cenário em que vivemos actualmente.Se no começo tudo era uma questão de sobrevivência e perpetuação da espécie, não há muito tempo nasceu o desejo pelo conforto, pela fartura,e pelo bem-estar.

Eis também o nascimento do amor romântico e dessa tão visceral busca da felicidade, que ganhava – a partir de então – um sentido bem mais amplo e refinado do que tinha até então.Daí para alcançarmos este ritmo alucinante de mudanças, não demorou quase nada. Bem menos de um século apenas. E neste momento vivemos como que em meio a um furacão, recheado de dúvidas, incertezas, inseguranças, expectativas e perspectivas cujas bases estão em plena reforma...E a pergunta repete-se, incessantemente: por que tem sido tão difícil viver esse tal grande amor? Por que embora esse pareça ser o maior desejo da grande maioria, o que reina são os desencontros?Talvez também já tenha vivido contradições profundas como estas.



Talvez já tenha acreditado piamente que tudo o que mais desejava era amar e ser amado e, diante desta possibilidade, não soube o que fazer, ou fez tudo errado...Talvez já tenha dito para si mesmo, incontáveis vezes, que prefere ficar só, desfrutar da sua liberdade, preservar o seu espaço e a sua individualidade e, cara a cara com o espelho, sentiu medo da solidão ou o peso quase insuportável da falta de um abraço...E nesses momentos, convencido (?) pela actual corrente de pensamento que afirma que tudo só depende de si, o conflito interno é praticamente inevitável: o que é que eu realmente quero? Se depende só de mim, por que será que as pessoas influenciam tão directamente o modo como me sinto? E se a responsabilidade pelo que me acontece é somente minha, por que nem sempre alcanço os resultados para os quais tanto me dediquei?Não sei... mas diante de todos estes pontos de interrogação, tenho a concluir que este é um momento da história das relações de completa metamorfose.

O que era antes não é mais.

O que será ainda não sabemos.

Agora, somos homens e mulheres repensando os seus papéis,os seus desejos,os seus lugares dentro dos encontros amorosos, da família e da vida em geral.O problema, então, talvez seja o apego e o anseio por uma idéia de grande amor que é incompatível com a realidade actual. Um grande amor que não seja castrador e submisso como o que viveram os nossos avós, mas que também não seja tão livre e descomprometido como este que temos experimentado nas últimas décadas.

De preferência, que seja intenso, romântico, perfeito, cheio de encanto e paixão, como descrevem os poetas e compositores ou mostram os filmes nas telas dos cinemas... Daqueles que chegam e nos arrebatam de uma vidinha que não temos suportado carregar sozinhos (porque é exatamente assim que tenho visto muita gente esperar por um grande amor).

Ah! E que seja para sempre, claro!Não percebemos que essa busca não é coerente com as atitudes que temos tido ou com o modo de vida que temos adoptado.

As engrenagens externas estão totalmente desencaixadas das internas.

Os ritmos estão desencontrados.

O que se deseja comprar não é o que está à venda e ainda assim pagamos o preço para ter o que está nas prateleiras.

Estamos perdidos entre sentir, querer, fazer, parecer e, enfim, ser!Tudo bem... acho até que não daria para ser muito diferente disso, já que a fase é de profundas mudanças, mas aposto que o caminho poderia ser bem mais suave e agradável se parássemos de acreditar que o “grande-amor-dos-contos-de-fadas” é a solução na qual devemos investir toda a nossa existência.A insanidade (que é o que mando às favas, na verdade) fica por conta dessa insistência em acreditarmos que amor é um ‘estado civil’ qualquer que devemos atingir e, uma vez nele, a felicidade é certa.

Não é! Felicidade é aquela que temos a oferecer e não aquela pela qual temos esperado.

E é também bem mais incerta, imperfeita e inconstante do que temos imaginado. Simplesmente porque somos gente e gente é assim: incerta, imperfeita e inconstante.E quando, finalmente, aceitarmos esse fato, creio que teremos começado a compreender o que é o amor...

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